No
século XIX, a Rússia era um país atrasado em relação aos demais. Sua economia
baseava-se na agricultura. Os servos trabalhavam, mas os senhores feudais
não tinham o menor interesse de modernizar as plantações. O país era governado
pelo Czar (Imperador), que tinha poder absoluto, ou seja, todos estavam
submetidos a ele. Então, o czar Alexandre II tomou algumas providências:
- Aboliu a servidão
-
Vendeu terras aos camponeses
-
Mandou ocupar novas áreas agrícolas
Tudo
isso trouxe benefícios para o país que cresceu e se tornou exportador de grãos,
além de ter favorecido o aumento da população. Esse aumento trouxe algumas
conseqüências graves, como por exemplo, a dificuldade de se encontrar emprego e
a baixa produtividade agrícola gerando fome e revolta. A saída encontrada pelo
governo foi estimular um programa de industrialização. Várias fábricas foram
implantadas e a Rússia apresentou as maiores taxas de crescimento industrial.
Em
1904 a Rússia se envolveu em uma guerra contra o Japão. Este conflito
desorganizou a economia piorando a situação dos operários e camponeses. A
humilhação da derrota acirrou os ânimos contra o czar. No ano seguinte (1905),
os habitantes saíram em uma passeata a fim de entregar um abaixo-assinado ao
Imperador pedindo melhoras nas condições de vida e a instalação de um
parlamento. O czar respondeu com um massacre promovido por suas tropas,
aumentando ainda mais a revolta do povo. Este episódio ficou conhecido como
Domingo Sangrento. Apesar de tudo, ele fez algumas concessões e dentre elas
estava a instalação do parlamento (Duma). Entre os anos de 1907 e 1914, com o
czar Nicolau II, a Rússia voltou a ter uma aparente tranqüilidade, pois houve
uma alta no crescimento industrial e os camponeses ganharam terras.
Grande
parte da oposição era socialista e se baseava nas idéias de Karl Marx, eles
acreditavam que todos os problemas do país só acabariam se o capitalismo fosse
abolido e o comunismo fosse implantado. O Partido Operário Social-Democrata
Russo (POSDR) era o principal partido de oposição ao governo czarista e se
dividia em dois grupos:
-
Bolcheviques (maioria): queriam derrubar o czarismo pela força, eram liderados
por Lênin e acreditavam que o governo deveria ser diretamente controlado pelos
trabalhadores.
-
Mencheviques (minoria): propunham a implantação do socialismo através de
reformas moderadas e acreditavam que a burguesia deveria liderar a nova
república a ser constituída após a queda do Czar Nicolau II.
A
entrada da Rússia na Primeira Grande Guerra (1914) trouxe várias conseqüências:
-
Desorganização da economia
-
Fome, pobreza e racionamento
-
Saques, passeatas e protestos contra o czar
-
Renúncia do czar em 1917 diante da pressão popular.
Com
a derrubada do czar, o governo provisório (cujos membros se identificavam com
os interesses da burguesia russa - Mencheviques) assumiu o poder. Esse governo
adotou algumas medidas, como:
-
Anistia para presos políticos
-
Liberdade de imprensa
-
Redução da jornada de trabalho para 8h.
Estas
medidas agradaram à burguesia, mas os camponeses (queriam terras) e operários
(queriam melhores salários) não gostaram, principalmente porque a Rússia ainda
continuava na Primeira Guerra Mundial.
Os
sovietes eram organizações políticas que nasceram no seio das camadas populares
e representavam os interesses dos trabalhadores. Assim, havia os sovietes de
operários, de camponeses e de soldados. Expressavam uma forma de poder popular
em oposição ao governo provisório e se tornaram decisivos nos rumos políticos
do país. Lênin, apoiado pelos sovietes e por uma milícia popular (bolcheviques),
formou o Exército Vermelho, e os mencheviques, com apoio da burguesia, formou o
Exército Branco. Estoura em 1918, a Guerra Civil Russa. Os bolcheviques, em
maior número, vencem a Guerra Civil. Lênin agora no poder, toma várias medidas,
como por exemplo:
-
As terras da Igreja, nobreza e burguesia foram desapropriadas e distribuídas
aos camponeses
-
Quase tudo se tornou propriedade do estado (fábricas, lojas, diversões,
bancos,etc)
A
idéia dessas medidas era criar igualdade entre os homens, pois, segundo o
Marxismo, sem propriedade não haveria exploradores e explorados. Porém, várias
foram as dificuldades que surgiram durante o governo e o novo regime se tornava
mais autoritário, distanciando cada vez mais o sonho de criar uma sociedade
onde todos fossem livres e iguais.
Após
o término da guerra civil, em 1921, a Rússia estava com a economia esfacelada e
buscava-se por alternativas para melhorar a economia russa. Lênin adotou a
implantação da NEP (Nova Política Econômica), a fim de reestruturar a economia
e acabar com as desigualdades sociais, a fome e a miséria na Rússia. Para
implantar a NEP, o governo russo permitiu a aplicação de práticas capitalistas,
admitindo a entrada de capitais estrangeiros que financiaram a fundação de
empresas privadas. A NEP isentou a população das cidades de prestar serviços
obrigatórios, a livre circulação da mão de obra foi permitida, suprimiu-se o
pagamento salarial igualitário, sendo agora o salário de acordo com a
quantidade produzida.
A
NEP teve resultados satisfatórios no campo econômico, porém não foi tão bom
assim. No campo, surgiram camponeses ricos que pagavam um salário para outros
camponeses. Para os comunistas essa atitude representava a volta da exploração
capitalista. Nas cidades, os grandes empresários lucravam com essa nova
economia e isso fortaleceu o aumento das desigualdades sociais.
As
nações que antes se viam submetidas ao czar, observaram a necessidade de se
aliarem geograficamente e politicamente, surgindo assim, a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS).
Após
a morte de Lênin, Trotsky e Stálin foram os dois líderes que disputaram o
poder. Stálin saiu vencedor.
Decidido
a industrializar o país, ele só podia contar com dinheiro que vinha da
agricultura, já que não podia fazer empréstimos internacionais por causa da
pobreza em que o país se encontrava. Primeiramente, Stálin aboliu a NEP e criou
os Planos Quinquenais. Neles eram
estabelecidas as metas da economia russa em um prazo de cinco anos. De forma
geral, Stálin priorizou o desenvolvimento industrial dando maior ênfase nas
indústrias de base (mineração, máquinas e energia). Com o alcance de números
positivos, os planos qüinqüenais posteriores buscaram desenvolver os demais
aspectos da indústria nacional.
No
campo, a socialização das terras foi parcialmente adotada. Dividindo
atribuições, as terras cultiváveis foram subdivididas em:
-
Sovkhozes (fazendas do Estado):
estavam mais concentradas na porção asiática. A produção era totalmente
apropriada pelo Estado, que comercializava, sendo os salários fixos, pagos pelo
Estado. Foram perdendo produtividade devido à falta de estímulo para os
trabalhadores e também porque os equipamentos ficaram obsoletos.
-
Kolkhozes (fazendas cooperativas): a
produção era mecanizada e dividida entre os agricultores e o Estado. Eram em
maior número, estando concentradas na porção européia. Os salários eram pagos
pelo próprio Kolkhozes e variava em função da produção total e das horas
trabalhadas. Geralmente, a produtividade era um pouco mais alta, pois os
agricultores cooperados se beneficiavam quando a produção era maior.
Muitos
camponeses tiveram suas terras apropriadas pelo governo de Stálin, o que gerou
alguns conflitos no meio rural. Aqueles que se negaram a entregar suas terras
eram mortos ou deportados para a Sibéria e a Ásia Central. O totalitarismo
implantado por Stálin na URSS mantinha um rígido controle sobre a imprensa e a
cultura em geral.
Nas fábricas, os operários foram proibidos, sob ameaça
de morte, de fazer greve ou mudar de emprego. Apesar disso, as metas de Stálin
foram alcançadas e a União Soviética passou por um processo de modernização e
industrialização. A URSS se tornou uma das maiores potências do planeta,
entretanto, esse crescimento não foi acompanhado por melhorias nas condições de
vida do povo russo. O Estado enriqueceu, mas às custas de muita exploração.
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